sensação de paz e serenidade me invadiu por completo. A escuridão já não me assustava, e a curiosidade sobre o tempo que havia passado me dominou.
“- Fátima, que horas são?” perguntei, ansiosa por uma resposta.
“- São 8:58”, ela respondeu com sua voz doce e calma.
“- Nossa, ainda tão cedo?”, falei, surpresa. “Achei que tivesse dormido por dias.”
Fátima me olhou com um misto de espanto e tristeza.
“- Carol, você dormiu por muito tempo…”
Meu coração disparou. Senti um frio na espinha, um pressentimento ruim.
“- Quanto tempo, Fátima? Que dia é hoje?”
“- Hoje é dia 3 de março, Carol.”
3 de março… A ficha caiu. O aniversário do César havia sido há dois dias, e eu estava presa nesta cama de hospital, sem poder sequer lhe dar um telefonema.
“- Ah, Fátima…”, murmurei, tentando conter as lágrimas. “O César deve estar furioso comigo. Esqueci completamente do aniversário dele.”
Fátima me olhou com ternura, acariciando meus cabelos.
“- Quem é César, Carol?”
Sua pergunta me pegou de surpresa. Como ela não sabia quem era César? Ele era o meu namorado, o homem que eu amava.
“- César… ele é… era o meu namorado.”
A palavra “era” escapou dos meus lábios antes que eu pudesse me conter. De repente, a ficha caiu. César não era mais meu namorado. Ele havia me deixado, partido em busca de sua própria felicidade.
A dor da lembrança me atingiu em cheio, mas dessa vez, não me desesperei. Senti uma força estranha me invadir, uma força que me dizia que tudo ficaria bem.
“- Não se preocupe, Carol”, disse Fátima, apertando minha mão. “Você não está sozinha. Estamos aqui com você.”
Suas palavras me confortaram, me deram esperança. Olhei para ela com gratidão, sentindo que, apesar de tudo, a vida ainda me reservava muitas surpresas.