E pensar que já fui trancada em um armário de limpeza por ter confundido a camisa do time do César… É, parece absurdo, mas aconteceu. Uma vez, no aniversário dele, comprei uma camisa do Palmeiras, achando que era o time do coração dele. Mal sabia eu que ele era corintiano roxo, daqueles que sangram preto e branco.
“- Você fez o quê, Carol? Comprou uma camisa do Palmeiras pra mim? Você tá de brincadeira, né?”
“- Mas amor, eu não sabia… Achei que você gostava do Palmeiras.”
“- Palmeiras? Eu odeio o Palmeiras! Você não sabe de nada sobre mim?”
César estava furioso, cuspindo fogo pelas ventas. Seus olhos, antes tão amorosos, agora me encaravam com desprezo e raiva.
“- Entra naquele armário e não sai daí até eu mandar!”
Assustada e humilhada, obedeci sem questionar. A escuridão do armário me envolveu, amplificando o som do meu choro desesperado. As ameaças de César ecoavam em minha mente, me fazendo tremer de medo.
“- Se você fizer isso de novo, Carol, eu juro que te bato!”
Engoli em seco, as lágrimas rolando pelo meu rosto. A dor da rejeição, o medo da violência… Tudo se misturava em um nó apertado no meu peito.
“- Será que os homens não entendem que uma coisa é gostar de futebol, outra coisa é gostar de quem gosta de futebol?”
Pensei, enquanto tentava em vão conter o choro. Afinal, eu amava o César, apesar de todos os seus defeitos. Mas será que ele me amava de verdade? Ou será que me via apenas como um objeto, uma posse que ele podia controlar e manipular?
“- Eu não sou um brinquedo, César. Sou uma pessoa, com sentimentos e vontades próprias.”
As palavras ecoaram no silêncio do armário, me dando um pouco de força para enfrentar a situação. Eu sabia que precisava sair dali, precisava me libertar daquele relacionamento tóxico.
“- Chega de humilhações, chega de medo. Eu mereço ser feliz, mereço ser amada de verdade.”
Com o coração cheio de esperança, prometi a mim mesma que nunca mais permitiria que ninguém me tratasse daquela maneira.