– Mataram o velho profeta?
– Sim, bharhi Conde…
Seh-ja Waalshurter era o Conde de Vlaadmerka, chamado de bharhi devido não apenas à sua importância, mas também aos seus dois metros e quinze de altura, uma figura imponente que dominava qualquer espaço que ocupava.
– Mas o que o velho dizia?
– Bharhi, ele dizia sobre a maldade do povo de Vlaadmerka.
– Aaka, então ele desejava a morte! disse, afastando-se de uma das mais de quinhentas janelas de seu castelo.
Seh-ja Waalshurter era grande (bharhi), e sua presença inspirava medo em todos ao seu redor. Esse temor o deixava angustiado, pois mesmo com quase quarenta anos, ainda não havia se casado. Sua imponente figura, ao invés de atrair, afastava possíveis pretendentes.
– Bharhi, o senhor necessita de herdeiros, deve escolher uma mulher e torná-la sua esposa. Assim, um novo bharhi estará nesta casa… aconselhou seu fiel conselheiro, cujas palavras ecoavam na vastidão do salão.
– Conselheiro, disto sei, e disto estou a trabalhar. Ainda conhecerei alguém, tornarei minha esposa e o mais formoso dos filhos pisará os solos deste castelo, respondeu o Conde, a voz carregada de uma mistura de determinação e melancolia.
Os dias que se seguiram foram sombrios para Vlaadmerka. A morte do profeta lançou uma sombra sobre a cidade. As previsões de destruição e maldade pesavam nos corações dos habitantes, e a chuva profetizada parecia iminente, com nuvens escuras se aglomerando no horizonte.
O Conde Seh-ja, enquanto caminhava pelos corredores de pedra de seu castelo, não podia deixar de sentir o peso de suas responsabilidades. Ele sabia que precisava fazer algo para mudar o destino de sua cidade. Precisava de uma aliada forte ao seu lado, alguém que compartilhasse sua visão e pudesse ajudá-lo a liderar Vlaadmerka para tempos melhores.
– Conselheiro, anuncie um banquete. Convide todas as famílias nobres e comerciantes influentes. Devo encontrar aquela que será minha companheira, aquela que me ajudará a salvar Vlaadmerka, ordenou o Conde, seus olhos brilhando com uma nova esperança.
O conselheiro curvou-se e rapidamente partiu para cumprir as ordens. Naquela noite, o castelo de Waalshurter iluminou-se com centenas de tochas, preparando-se para receber seus convidados.
Enquanto o Conde observava os preparativos, pensou na profecia do velho de Gales. Embora seu final tivesse sido trágico, suas palavras não seriam esquecidas. Seh-ja estava determinado a provar que o destino de Vlaadmerka não seria selado pela maldade e destruição, mas sim pela coragem e união de seu povo.
No grande salão, os nobres e comerciantes começaram a chegar, trazendo consigo uma mistura de ansiedade e curiosidade. Entre eles, Sheera, a jovem determinada que já havia se comprometido a proteger sua terra, entrou no castelo, seu coração batendo forte com a possibilidade de mudança.
E assim, com os primeiros acordes da música ecoando pelo salão e o aroma de pratos deliciosos preenchendo o ar, o destino de Vlaadmerka começava a se redesenhar. A aliança entre o grande Conde e os corajosos habitantes estava prestes a ser forjada, prometendo uma nova era para a pequena cidade medieval.
– Cristiano Ricardo